Eu Retorno Ao Nascer do Sol

Ainda tenho medo de dormir e tornar a ter devaneios. Não consigo ter mais sonhos, apenas pesadelos. Assim mesmo, me deito e me ponho a dormir. Ou pelo tentar. Tentar tem sido a única coisa que eu fiz. Ao fechar os olhos, o vejo. Vejo aquele ser estranho, sombrio e trevoso posto a minha frente. Por que retornas? Tudo isso ainda é muito estranho, ainda ver ele. Por que ele ainda me assombra? Ele já se foi! Não no sentido de morte, mas sim no tempo. Deixei que o tempo levasse tudo, até ele. Aos poucos ele se foi, mas ainda falta sair da minha cabeça. Ter que vê-lo constantemente me faz tanto bem como mal. Bem porque me dá vontade de continuar e esquecê-lo o quanto puder e mal porque ainda sinto na pele aquela situação. Falar com ele me faz entrar em uma seção com um psicólogo, entende? Eu sendo o psicólogo, lógico! Mas, não consigo compreendê-lo. Ao amanhecer, abro meus olhos e compreendo que nunca vou entendê-lo. Com quem tanto converso? Comigo mesmo! Todas as noites eu falo com ele, ele que era eu há um tempo. Tempo esse que não desejo que retorne. Felizmente, ao nascer do sol, eu retorno ao nascer do sol. A áurea matinal do majestoso sol me traz de volta, trazendo junto um alívio. O alívio do tempo, o tempo que, apesar de tudo, nunca parou de correr, nem ao menos diminuir sua velocidade. Deixei que ele levasse tudo junto com as palavras, as lágrimas, as mãos trêmulas, tudo! Ao nascer do sol, eu retorno e trago à tona a pessoa que me tornei.