Sinto sua falta. De seus suspiros poéticos. De suas reticências líricas.
De sua forma titubeante a tropeçar em palavras, fonemas ou meras vírgulas.
Era engraçado...
Sinto sua falta... de suas qualidades e seus defeitos.
De sua formalidade intrínseca. De seu ritual implícito.
Da hora que chegava arrastando os pés... como fosse possível ritmar o caminho.
Agora, tudo passou.
Tudo é findo.
Há memórias. Flashes. Luzes que se apagaram.
Saudades.
Eu era jovem. Você também. Sonhadores com o infinito.
Com ilusões e fantasias... as durezas da vida passaram
as lições como chibatadas marcaram... e depois, cicatrizaram...
A linguagem da dor.
A semântica do sofrimento.
Almas flanando no deserto de emoções cadentes.
Onde as tempestades de areia ofereciam alguma atração.
Sinto sua falta. De seus suspiros.
De sua fala repleta de enigmas.
E, eu como esfinge nem ousava decifrar.
Depois, a legenda apagou.
As luzes acenderam... tudo passou na tela enorme
do cinema.
Ah... outra coisa do passado...