Eu, um escritor?!
Às vezes me pergunto: para quem você escreve? Passo horas tentando responder. Olho para as rochas e as corredeiras. Penso que sou pedra, seixo de rio, procurando abrigo para as minhas palavras. A fala é arisca, o verbo é um pobre sujeito sem predicado. Pensado bem ainda não consegui encontrar uma resposta.
Confesso que entristeço dos pés a cabeça por não saber me responder. Por vezes acredito que a escrita é a chave da loucura. Aí me pergunto de novo, ainda mais reticente: por que você não vira a chave? Ah! Provavelmente ainda não encontrei o buraco da fechadura.
Um dia desses, conversando com um amigo sobre esses questionamentos ele me respondeu sem dó nem piedade: "Nem os que me viram nascer leem o que escrevo". Me lembrei de uma frase bem sarcástica. "É para acabar com o pequi de Goiás".
Sempre pensei que burro bravo não tem medo de peão. Acho que é por isso que continuo escrevendo. Mas por que eu teria medo dos meus leitores? Nem sequer os conheço, só sei deles por ouvir dizer. Mas um dia um deles me escreveu: "O que ainda virá da cachola desse Pedro, pedra sobre a qual foi assentada a igreja do Poetrix?". Fiquei mais pensativo do que pêndulo de relógio de parede.
É a mais pura verdade que sou um amante dos tercetos, especialmente o Poetrix. Ele me constrói, me faz crescer como poeta. Comungo com os seus três versos, rezo, encanto-me com os seus desafios, concisão e rimas.
Sempre digo que escrever é loucura. Tentei abrir a chave, mas ainda não encontrei a porta.
... E viva a poesia!!!