"Transitoriedade"

Vou arrumar a casa, tratar de levantar os móveis, colocar as peças mofadas ao Sol, pintarei as paredes de azul e rosa, tingirei meus cabelos, escancararei todas as janelas e deixarei que a vida seja inovada, seja pintada e assim reinventada.

Vou deixar os apegos de lado, aposentar meu lirismo, acordar meu suntuoso e devasso espírito aventureiro. Quero as analogias todas postas em prática, confirmar o implícito e reafirmar o que fora deixado nas minhas entrelinhas.

Quero esquecer o choro desmedido, a angústia sentida, o cheiro do amor prometido e as juras de amor (e que amor...) trocadas.

Tentarei ser insípida, profissional e emocionalmente vazia. Tentarei ser rastro ao invés de caminho, ser a praga ao invés do adubo, o ódio ao invés do amor.

E se não conseguir, calarei a alma, cerrarei meus olhos e deixarei que minhas mãos repousem sobre a pena.

Para nunca mais sentir;

Para nunca mais, ouvir;

Para nunca mais, ......