Quimera

Meus olhos vagos, distantes… Perscrutam o silêncio. Há tantas partículas de palavras soltas no éter. Não percebo. Há uma ânsia. Um desejo: despertar a criatividade adormecida há séculos. Criar um movimento interno rumo à liberdade. Mas, está tudo embaçado pelo cansaço. Eu, e os meus invernos! Essa solidão incurável! Hoje abracei minha arte. Como foi difícil soltá-la!

Além do arco-íris há um vazio. Que eu sempre evito encontrar. Não há uma criatura pronta. Só o mistério do porvir. Que pode não existir. É preciso esforço. Busca. Onde está minha energia? Que desencantos andam criando os meus pensamentos vãos? Não há sanidade que resista a essa exaustão dos dias cinzentos. Ainda há muito que esperar pela primavera. Por aqui são dias de deserto. Olhos miram oásis. Distantes do intento de ser verso. E o mundo gira. A vida não deixa o movimento aquietar. Repouso. Quimera! Quando tudo é apenas o desejo de voltar ao lar, o universo com toda sua sabedoria vem mostrar a beleza de uma xícara de café frio. As banalidades da rotina ganham cores especiais. Desperta saudades do simples ir e vir. Vaidades à parte, o que inquieta é adormecer. Os dons. A arte. A magia. E a roda infinita da vida desponta no horizonte do recomeço. Já estou forte. Atenta. É hora de voltar!

*Si*

Simone Ferreira
Enviado por Simone Ferreira em 03/07/2024
Código do texto: T8099164
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