AS MAZELAS DO BAÚ

No baú possui sujeira,

Possui o pouso da varejeira,

Possui demônios sorrindo à beira

Drenando o fogo da clareira.

Este baú é feito esgoto,

Tem sofrimento e tem desgosto.

Da podridão do decomposto,

A maldição do frio encosto.

Baú de Pandora é pura dor,

É o outro lado que se ocultou.

É a miséria que causou,

É o instinto matando o amor.

O conteúdo do baú é vulnerável,

Mas tem coragem do herói bravo,

Do vilão rude, possui o asco,

Do mocinho manso, o inesperado.

Se estava abarrotado, quase nada hoje havia.

Pela escrita esvaziado, o baú que se abria.

Se era feio o conteúdo, foi cegueira de quem não via

A beleza do alívio, a limpeza do que era sujo e corroía.