Coexistência compulsória
O sol nasce timidamente
sobre as colinas do Rio
seus raios dourados tentam
penetrar a densa neblina
que paira sobre as comunidades
:
Lá embaixo, nas vielas
a vida desperta, esperança
e resignação misturadas
Cotidiano marcado pelo caos
beleza natural e cruel realidade
:
Ruas estreitas, labirintos
de concreto e improviso
crianças brincam descalças
risos ecoam fugazes
entre tiros e sirenes
:
Crime dita o ritmo,
maestro implacável
sinfonia de medo, violência
Esquinas vigiadas
sombras constantes
:
Casas em encostas íngremes
desafiadoras na precariedade
quase à beira do colapso
sustentadas pela força invisível
de seus habitantes
:
Solidariedade, fio que une
donas de casa trocam olhares
palavras de conforto
no mercado improvisado
gentileza, luta compartilhada
:
Caos urbano, realidade inescapável
vivido com dignidade
por quem está imerso
Beleza e horror coexistem
dança complexa de esperança
:
Enquanto o sol ascende
vida segue seu curso
um dia de cada vez
fé no futuro melhor(!)
rosa nascendo no concreto
.:.
MMXXIV