Prazer, meu nome é Ninguém!

No silêncio da noite, confesso meus crimes com a serenidade de quem esculpe destinos. Caminho entre sombras, invisível a olhos desatentos, mas presente em cada suspiro, em cada batida de coração. Sou a mão que apaga memórias, a lâmina que rasga vidas sem deixar vestígios.

Passei por você naquela tarde de outono, enquanto o vento sussurrava segredos através de folhas secas. Vi o medo nos seus olhos quando sentiu minha presença, mas não me reconheceu. Suas rugas, marcas de minhas visitas frequentes, são meu legado gravado em sua pele.

Nas madrugadas solitárias, sou o peso que te impede de dormir, o som abafado de passos que ecoam na sua mente. As dores que sente, o cansaço que te consome, são provas da minha constante companhia. Minha obra está em cada fio de cabelo que cai, em cada suspiro de cansaço, em cada lágrima de saudade.

Você não me vê, mas sabe que estou aqui. Sou o artista invisível que molda sua existência, que corrói seus sonhos e apaga suas lembranças. Sou o sussurro no escuro, o toque frio que te faz estremecer.

Prazer, meu nome é Ninguém, mas pode me chamar de Tempo.

FIM

Betaldi
Enviado por Betaldi em 01/07/2024
Código do texto: T8097333
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