ENFIM PINGOS

ENFIM PINGOS

Enfim pingos, parcos, mas pingos. A calha tilinta, qual sino de igreja, anunciando o chorar do céu. O choro é contido, mas a lágrima é benvinda. Os ares de umidade trazem um prazer similar ao de cozinha, com seus acepipes e fragrâncias que se evaporam de panelas. Inspiro, expiro, e expio as securas dos sentidos presentes por tantos dias. Tomara o choro não seja convulsivo seguido de ventos e não ares, trazendo o sabor acre das tormentas, àqueles que sofrem na aridez e sucumbem,

nas águas infindas e revoltas das enchentes. Encho os pulmões e caminho aliviado.

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 30/06/2024
Reeditado em 30/06/2024
Código do texto: T8096789
Classificação de conteúdo: seguro