A dança da vida
Um paladar com sabor de flores
Um abajur meia luz amarelado
Um piano, cobertor macio e uma janela para ver o frio
Um frio que adentra as lacunas dos dispostos
Lábios secos, olhos acesos de pés descalços
Um café para não sonhar
Mais uma xícara vazia para os pés não flutuar
O dedo que aponta para saudade, o outro
Que sente o peso de não está lá
O sofá desalinhado com a TV
Alguns papéis rabiscados a mercê do vento
A luz do poste faíscada nas vidraças
O amor que desafia a gravidade
O contorno de uma vida
debruçado no silêncio
Para quem, do lado de fora
ver apenas sombras e movimentos
A dança da vida
Fingindo ser o que realmente é.