Putrefação Existencial
Sou o sussurro silencioso do fim, a dança final da vida. No abraço frio da morte, meu corpo cede ao destino inevitável. No início, sou um mosaico de silêncio e carne que começa a se libertar das amarras da vitalidade.
Meus tecidos, outrora vibrantes, agora se tornam o palco de um banquete sombrio: os vermes, esses pequenos ceifeiros, chegam primeiro - atraídos pelo doce aroma da decadência. Eles se banqueteiam na minha carne, e a cada minúscula mordida estou um passo mais perto do esquecimento. Sou devorado, transformado, devolvido ao ciclo eterno da natureza. A cada dia, sinto meu corpo se desintegrar, meu ser se fragmentar.
Meus músculos se liquefazem e meus órgãos cedem, transformando-se em uma sopa pútrida que se infiltra na terra.
A pele, que já foi minha armadura, rasga-se, revelando o que resta de mim ao mundo exterior.
Os ossos, meus pilares de existência, permanecem por um tempo, rígidos e resistentes. Mas, mesmo eles, inevitavelmente, sucumbem. O tempo, paciente e implacável, os desgasta. A chuva e o vento os corroem, até que se quebrem e se transformem em pó.
E assim, finalmente, sou nada. Deixo de existir, não há vestígio de quem fui.
A natureza me toma de volta, e na minha ausência, há uma quietude serena. Eu fui, e agora não sou mais. No meu fim, há uma paz, um retorno ao silêncio primordial.
Fim