Putrefação Existencial

Sou o sussurro silencioso do fim, a dança final da vida. No abraço frio da morte, meu corpo cede ao destino inevitável. No início, sou um mosaico de silêncio e carne que começa a se libertar das amarras da vitalidade.

Meus tecidos, outrora vibrantes, agora se tornam o palco de um banquete sombrio: os vermes, esses pequenos ceifeiros, chegam primeiro - atraídos pelo doce aroma da decadência. Eles se banqueteiam na minha carne, e a cada minúscula mordida estou um passo mais perto do esquecimento. Sou devorado, transformado, devolvido ao ciclo eterno da natureza. A cada dia, sinto meu corpo se desintegrar, meu ser se fragmentar.

Meus músculos se liquefazem e meus órgãos cedem, transformando-se em uma sopa pútrida que se infiltra na terra.

A pele, que já foi minha armadura, rasga-se, revelando o que resta de mim ao mundo exterior.

Os ossos, meus pilares de existência, permanecem por um tempo, rígidos e resistentes. Mas, mesmo eles, inevitavelmente, sucumbem. O tempo, paciente e implacável, os desgasta. A chuva e o vento os corroem, até que se quebrem e se transformem em pó.

E assim, finalmente, sou nada. Deixo de existir, não há vestígio de quem fui.

A natureza me toma de volta, e na minha ausência, há uma quietude serena. Eu fui, e agora não sou mais. No meu fim, há uma paz, um retorno ao silêncio primordial.

Fim

Betaldi
Enviado por Betaldi em 28/06/2024
Código do texto: T8095710
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2024. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.