A Hora Certa

Ele vive à beira do tempo, como um guardião paciente à espera de um chamado que nunca ecoa. Em sua mente, os ponteiros do relógio giram com precisão cruel, cada "tic-tac" um lembrete da promessa do amanhã. Acredita que o momento perfeito está à espreita, em algum lugar entre a alvorada e o crepúsculo, onde o mundo finalmente conspirará a seu favor.

Seu coração, repleto de sonhos cuidadosamente arquitetados, pulsa com a certeza de que está preparado. Ele contempla o horizonte com olhos cheios de esperança, mas o horizonte permanece inalterado, uma linha constante entre o desejo e a realização. Cada oportunidade perdida é arquivada como uma lição, cada espera prolongada como uma prova de sua resiliência.

Mas o tempo, esse artesão silencioso, segue seu curso indiferente. E ele, em seu monólogo interior, começa a questionar a essência de sua espera. Seria a hora certa uma ilusão, uma miragem criada pela mente que teme a ação? A preparação infinita, uma prisão dourada onde o medo se disfarça de prudência?

Ele percebe, então, que o futuro nunca chega. Que a vida se desdobra no agora, um mosaico de instantes que exigem coragem para serem vividos. E, talvez, a hora certa seja um mito, um subterfúgio da alma que teme o risco de existir plenamente.

Ao compreender isso, algo dentro dele desperta. O medo cede lugar à ação, e ele se lança ao desconhecido, descobrindo que a verdadeira preparação está na capacidade de abraçar a incerteza. E assim, no coração da espera, encontra finalmente o impulso de viver.

TIC-TAC

Betaldi
Enviado por Betaldi em 25/06/2024
Código do texto: T8093106
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