Noite Oitentista

Na noite oitentista, um homem feito retorna às ruas da memória, onde um dia foi menino. Lá, nos idos anos 80, o tempo parecia moldado por mãos mágicas, onde os avós, eternos guardiões da sabedoria, ainda caminhavam firmes, contando causos e receitas de felicidade.

A cidade pequena e tranquila, quase um vilarejo encantado, desenhava-se sob o céu estrelado, adornado por um luar que iluminava mais sonhos do que sombras. Ele e seus amigos corriam pelas calçadas, descalços e destemidos, com joelhos ralados que não conheciam a pressa de cicatrizar.

As brincadeiras eram feitas de simplicidade e risadas, ecoando entre as casas de janelas abertas, onde todos conheciam todos e segredos eram partilhados como doces. Esconde-esconde, queimada, pega-pega, polícia e ladrão e mais um sem-fim de jogos que transformavam a rua em palco, tela e universo.

Mas eram nas histórias de terror que a noite ganhava um brilho particular. Sentados em roda, ao redor de uma tímida fogueira ou um poste que piscava, a imaginação ganhava vida própria: monstros, fantasmas e assombrações dançavam na penumbra, arrancando risos nervosos e gritos abafados. Os corações batiam rápido, mas não de medo verdadeiro, e sim da excitação de viver aqueles momentos únicos.

Cada esquina, cada pedra, cada árvore era testemunha de uma infância vivida intensamente, onde os segundos eram eternidades e as amizades, imortais. Agora, ao revisitar essas noites, ele sente-se novamente um garoto, de alma leve e riso fácil, com o peito aquecido por uma saudade doce e serena.

As noites oitentistas ainda vivem em seu coração - um refúgio onde a alegria é eterna e os avós, sempre vivos, aguardam com paciência o retorno das crianças da roda de histórias.

Betaldi
Enviado por Betaldi em 24/06/2024
Código do texto: T8092980
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