A concha, o vento, a pele

Chorar foi bom, foi bom, me purificou. Quis escrever o mundo na concha em que você vive, isso é difícil, muito. Palavras são bem grandonas e espessas, dizem coisas que não cabem muito em ilhas. O farol, por mais solar e claridão que seja, só faz ver as coisas até um certo lugar, há sempre um horizonte novo pra devorar. Não posso morar nessa concha também, não posso querer que seja ontem todo dia. Mas não me governo, sempre volto.

Não tenho ninguém a quem me aconselhar, o vento é a bússola do órfão. Pra quem não sabe entender, o farol e as estrelas são só pontos de luz sem caminho e sem causa, o mundo é míope e os desejos vão intraduzíveis.

Quero alcançá-la, mas vou sempre atrasado. Quero sempre a mesma pele quente.