A fogueira

A fogueira queima altiva e a lua no céu brilha

houve um tempo em que as chamas da fogueira

queimavam minha dignidade. Sentia-me só...

Esperei tanto por um bem que bem me quisesse

que me tratei muito mal no percurso. Segui só...

Por vezes me senti só, estando acompanhada

na ausência do toque, do cuidado, me perdi

E achei-me em meio à histórias não minhas...

Velhas memórias...

O fogo novo, a luz, o som, a labareda se apagando

tudo me lembra a finitude dos processos e afetos, do sexo, dos insucessos, dos excessos, da pressa...

Me abraço, me resilio e aprecio a companhia

que escolhi ter, o calor do fogo que aquece,

queima minhas dúvidas, e as incertezas de quem sou, as indelicadezas que muito me dediquei

o tempo passou, o vento levou, o fogo queimou...

O barulho do crepidar da madeira morrendo para dar vida ao calor que aquece, me recorda um mantra "ei moça, tudo é recomeço e mesmo os finais tem suas benesses, não esquece a beleza de viver, crescer e poder ser você, ainda que só." Só...

Há beleza na solitude, no ceticismo esperançoso que é paradoxo de amor, pois mesmo quando a fogueira se apaga, sobrevive a faísca, a fagulha... Ah, aí basta um sopro de vida para reacender a fogueira e transformar tudo em calor, em amor...

E se bons ventos soprarem crescerá ao ponto de ser fogo vivo, partido, compartilhado. Há um calor em mim, há uma lua, há uma fogueira, e se o fogo tá vivo no final, há esperança afinal.

Tatiane Pereira dos Santos
Enviado por Tatiane Pereira dos Santos em 23/06/2024
Reeditado em 23/06/2024
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