O Relógio ta de mal comigo
Cinco e quarenta
Minha boca está seca
Olho o relógio compulsivamente
Me forço a focar no que estou fazendo
Cinco e quarenta e cinco
Mordo meus lábios
Olho o relógio compulsivamente
Já parei de fazer o que deveria estar fazendo
Faço cálculos de quanto tempo estarei em casa
Aperto a caneta sem parar
Cinco e cinquenta
Meu coração está disparado
A ansiedade está me consumindo
Mexo a perna no mesmo ritmo que aperto a caneta
Tomo um gole de água
Cinco e cinquenta e cinco
Não escuto mais meu coração
A agonia tomou conta de mim
Mexo a perna, os dedos, os pés em uma sinfonia doentia
Um sorriso escapa
Falta pouco
Cinco e cinquenta e oito
Tudo é breu
Silêncio
O tempo parou
Seis horas
Saio correndo
Não me despeço de ninguém
Segurando a mochila muito forte
Suor
Coração acelerado
Penso que vou entrar em colapso
Entro na condução
Uma eternidade dolorosa se arrasta
Tenho vontade de arrancar o motorista da direção
E acelerar até minha casa
Mas não sei dirigir
E o Sr. Antônio não tem culpa
Seis e vinte
Chego em casa
A porta demora pra abrir
Me sinto naquelas gincanas que o participante tem um molho de chaves e procura a chave correta que abre o cadeado, mesmo meu chaveiro tendo apenas uma chave
A porta abre
Corro pro meu quarto
Tropeçando em tudo
Jogo a mochila que bate em algo e quebra, mas não me importo
O computador já está ligado pra evitar mais demora
Entro no seu perfil
Torcendo pra que esteja lá
E está
Um lindo-radiante-maravilhoso-caloroso "Estou aqui"
Uma mensagem sua
Que esperei o dia inteiro
Que pareceu um ano
E agora nada mais importa
Nada mais existe
Só você em letras