O RIO, só quer passar!
Quem pôde dizer isso de mim? Que fora eu mesmo, o culpado
Fazendo tudo de caso pensado, só para querer me desviar?
Que transloucado, me açodei! Que mudei, saindo totalmente de meu curso
Aonde já, tão acostumado! Não querendo depois, mais voltar?
Quem pode dizer isso de mim, e ainda poder querer afirmar...
Logo eu sempre resiliente! E que a pedido e ordens expressas de Deus
Deva, na mesma batida, na mesma descida e senda, ir avante; e não parar?
Acaso, poderia eu sozinho, mortiço, morrendo...
E assim mesmo, sem mais e sem menos, e contrariando-o, iria me negar...
Não querer mais persistir, prosseguindo, indo pra adiante
Simplesmente a meu bel-prazer, desobedecer, e me denegar?
Criar para mim mesmo, tantos empecilhos! Tantos obstáculos
E feito um doido, me assoreando aos poucos, pra depois me atulhar?
A ficar, juntamente com outros tantos, arroios, veios e braços, irmãos
Dormentes, impassíveis e indolentes, nos recusando, veementemente, continuar?
Entregue a toda sorte e ferindo de morte, quem nos delegou, correr...e correr
Dirigindo-se sempre! Sem deixar de avançar, rumando em direção ao mar?
Claro, que não!
Na verdade, eu...O RIO, só queria passar!