" Como morrer antes dos cem anos"

Capítulo 1

"A Idade Média"

O mundo gere-se por novas ideias, não que sejam melhores ou mais atrativas ou saudáveis, os impérios se multiplicam, Roma se impõe e sobrepõem-se a todos os povos da altura.

Na Ásia as invasões dos bárbaros destroem tudo á sua passagem, os milhares de combatentes que se deslocam pelas planícies em busca de glória e poder, as manadas de borregos e ovelhas são dizimadas em dias de aparcamento para reorganizar as hostes de guerreiros que mais não são que um bando de facínoras que chacinam tudo á sua passagem. Os anciãos são poucos, chegar a velho é uma façanha e um desafio, nem todos tem essa condição ou privilégio.

Os séculos passam e a prioridade de vida se mantêm, depois de tanto viver e morrer a vida é um prémio usurpado, foi oferecida a todos e todos não usufruem dela na sua plenitude.

-Fujam saiam, se afastem, tenho lepra...deixem passar.

Era o habitual nas ruas de Rothenburg, os feudais não frequentam as tabernas ou as praças sujas das cidades e vilas.

O medo de contrair a lepra é assustador, milhares de pessoas sucumbem a esta terrível doença, os que sobrevivem são obrigados a se refugiarem em burgos e guetos á margem da sociedade. É o caos, o poder Papal se inibe de uma solução, afinal são eles o verdadeiro poder totalitário.

Milhares de pessoas são queimados vivos nas fogueiras da inquisição, a teoria é que quem contrai esta praga é considerado herege e sua punição é imediata como se fossem atestados á sua fé, e como tal o castigo é a fogueira.

No resto da Europa é o mesmo cenário, o século XII são catastróficos, França, Itália, Bolonha, Espanha, Reino Unido, Portugal e a norte no mesmo problema social encontramos a Alemanha.

Os cadáveres se amontoam pelas ruelas em decomposição, a podridão é total, as caves estão infestadas de ratazanas, estas contrariamente á sua natureza, começam a devorar a carne macia dos cadáveres recentes. Os burgueses vivem num mundo aparte, vivem para comer, tudo á sua volta rui , os abades não saem dos mosteiros, apenas periodicamente se deslocam aos mercados, os que ainda vão se realizando, buscar víveres, legumes e oleaginosas, pagam com indultos , os cardeais a rogo de uma diretiva do poder papal inventaram este sistema de enriquecer os cofres, os Feudais compram o perdão de seus devaneios, o ouro entra nos cofres dos conventos enriquecendo todos os intervenientes.

Minha viagem sofre uma reviravolta, minha visita a esta era é demasiado contagiosa todos os intervenientes da sociedade estão contaminados, é uma geração decadente e em rota de sucumbir a uma peste que assola por toda a Europa central e periférica.

A corte e seus serviçais estão na mira dos vagabundos que proliferam pelos guetos e ruelas em volta do palácios e castelos,

a febre amarela assola aliada á sífilis, é uma calamidade social e feudal, ninguém está imune ou a salvo. O Frei Gustavo Heinkel sofre desta enfermidade paleopatologia, é um frenesim sem escrúpulos, a maioria da freiras incluindo alguma madres, estão infetadas e seu prognostico de vida é duvidoso e precário.

Enfim decido sair daqui e viajar para outra época, avanço 3 séculos, a época áurea dos descobrimentos, na Europa há uma necessidade intrínseca de especiarias vindas do Oriente, é uma fonte de receitas sem fundo, as rotas do comércio passa pelas penínsulas Arábicas vindo das Índias e China por terra até Génova, Veneza e Pisa. Daí são comercializadas pela restante Europa mas atingem valores exorbitantes, pela sua complexidade de transporte.

As cortes Portuguesas e Espanholas atentas a este fenómeno incentivam exploradores a tentarem a sua aquisição direta através do mar, a necessidade destes produtos pela burguesia e nobres é crescente, as especiarias tem duplo objetivo, o de apurar os sabores na sua confeção de pratos e o de encobrir o odor de as carnes em decomposição.

As doenças inerentes a esse fenómeno de insalubridade e falta de orientação sanitária é fulminante, as pessoas morrem sem a mínima hipótese de serem tratadas , o clero decreta a insalubridade da alma face á exposição ao pecado e á luxuria.

Os cofres do Vaticano se enchem continuamente, a média de vida cai para os 30 e tal anos, as expedições marítimas são uma forma de ganhar um quinhão dos saques e das mercadorias adquiridas nas suas origens , os que conseguem lá chegar, as tripulações são calculadas em dobro considerando que metade irão sucumbir ás febres e á disenteria derivada da falta de vitamina C, o que provoca o mortífero carbúnculo.

Em consequência destas viagens em poucos séculos são dizimados mais de 60 milhões de pessoas entre os países que intervém nesta ganancia comercial, mercadorias , escravatura e prostituição.

Capítulo 2

" Capitulação"

Em resumo, a morte é apenas um estado de espirito ou de presença, sempre se morreu sem a menor explicação, sem os mais pequenos escrúpulos. Ao longo da história são inumeráveis as situações pandémicas e cataclísmicas que levaram á morte de centenas de milhares atingindo em alguns casos os milhões de seres humanos que pereceram, tanto em episódios individuais como coletivos, portanto, a morte é apenas um estado físico de falta de vida que apenas tem importância como um todo em uma sociedade.

A chacina de inumeráveis numero de pessoas é um substantivo da continuidade da raça, não que eu como escritor e procurando ter uma narrativa abrangente e imparcial, partilhe ou compreenda, mas sempre foi, e acredito que será, face ao individualismo e xenofónico das ideias pré-concebidas de certos lideres , tanto religiosos como políticos, que por motivos , quase sempre ambíguos e de interesses puritanamente materiais, levaram a que enormes quantidades de seres humanos, com direito á vida, fossem barbaramente aniquilados a troco ou irrefutadamente justificados como um genocídio com fins de apuramento de uma raça ou pura e simplesmente a fim de impor uma clara forma de vincular as ideias totalitaristas de um regime. Analisando o pluralismo das soluções que ao longo da história foram implementadas pelos lideres de alguns povos, a preservação da vida dos indivíduos que naturalmente habitam nas regiões a serem ocupadas não são uma prioridade, aniquilam todos á sua chegada ou passagem.

Portanto, morrer em certa medida era considerado uma glória, morremos em honra da pátria, morrerei para defender os meus pertences, vou morrer mas defendi meu titulo de campeão, tombaremos mas não seremos feitos escravos, vou para a arena se não matar meu adversário morrerei com honra, só passarás por cima de meu cadáver. Enfim um sem numero de situações que o ser humano se justifica para morrer precocemente sem honra nenhuma na verdade.

As situações não se alteraram ao longo da história, " As guerras na história da humanidade podem ser divididas em três grandes períodos: antiguidade, idade média e idade moderna. Cada período tem características próprias em relação às causas, meios e fins dos conflitos. Na antiguidade, as guerras eram frequentes entre os povos da Mesopotâmia, Egito, Grécia e Roma. Tinham como principais motivações a expansão territorial, a conquista dos recursos naturais e a imposição de valores culturais e religiosos. Os exércitos eram constituídos por soldados profissionais ou cidadãos convocados para o serviço militar. As armas eram basicamente espadas, lanças, arcos e flechas. As batalhas eram travadas em campos abertos ou em cercos de cidades fortificadas. Os vencedores costumavam saquear os vencidos e escravizar os prisioneiros" (1).

Hoje, século XX e XXI, não é diferente, milhões foram barbaramente chacinados a troco de literalmente um palmo de terra.

Em 28 de junho de 1914, o assassinato do arquiduque Franz Ferdinand, da Áustria, herdeiro do trono da Áustria-Hungria, e sua esposa, a arquiduquesa Sophie de Hohenberg, foram assassinados por um sérvio separatista durante uma visita oficial à capital da Bósnia Herzergovina, Sarajevo, desencadeou uma corrente de hostilidades em cadeia que levou ao conflito global a que se chamou a 1ª Grande guerra na Europa, em face do conflito aberto de hostilidades entre a Sérvia e a Áustria-Hungria, que por cedências e interesses viria a envolver todos os restantes países da Europa, resultado, milhões de pessoas mortas e a glória de uma vitória sem bandeira ou espólio. Uma lição, deveria ser, não o foi, No dia 11 de novembro de 1918, a Alemanha e os Aliados assinam o Armistício de Compiègne, representando a rendição alemã e o fim da Primeira Guerra Mundial. A Segunda Guerra começou em 1º de setembro de 1939, com a invasão da Polônia pela Alemanha. Foram friamente calculados, 7 599 dias de paz , que não serviram pura e simplesmente para nada, em termos de alguma aprendizagem das condições de vida e morte, no caso.

A glória do conflito: 85 milhões de mortos (estima-se), a sua maior parte dentro dos 20 e poucos anos.

Morrer cedo, por assim dizer, é uma constante.

Capítulo 3

" Estilo de vida"

Vamos analisar fatos e estilos de vida, Betty Streifling, por exemplo, tem 101 anos e ainda levanta pesos na academia de sua casa de repouso. Streifling vive em seu próprio apartamento, uma casa aconchegante, cheia de recordações familiares e móveis feitos por seu falecido marido. Ela frequenta uma aula de exercícios cinco dias por semana e faz um passeio matinal na rua. Esta senhora, não é de todo uma exceção, poderei referenciar centenas de milhares de casos semelhantes, mas avanço na temática,

"Pode parecer contraditório, mas muitos cientistas acreditam que algum stress possa ter o efeito de prolongar a longevidade. David Sinclair, biólogo da Universidade de Harvard, escreve no seu livro Lifespan que “os nossos genes não evoluíram para uma vida de conforto. Um pouco de stress para induzir hormese de vez em quando” pode ser positivo, afirma. A hormese é o processo biológico através do qual o organismo responde positivamente a toxinas e outros agentes de stress – como aqueles relacionados com a dieta e o exercício, por exemplo – ativando assim genes que desaceleram o envelhecimento das células.

Uma das maneiras de introduzir algum “stress saudável” é através da alimentação. Os nossos corpos entram num estado de escassez quando consumimos muitos vegetais, ativando assim os genes da longevidade (isto porque, na antiguidade, os nossos antepassados dependiam da proteína proveniente das carnes vermelhas para sobreviver, recorrendo a uma alimentação à base de plantas quando a caça escasseava). Uma dieta em que cerca de metade da proteína consumida provenha de fontes vegetais" (2).

Considerando, há muitas formas de morrer precocemente mas muitas outras que contrariam esta predestinação de antecipar o fim da vida.

É sabido que fumar diminui o tempo de vida, o álcool idem, as drogas, são uma calamidade, as guerras já não são uma prioridade de antecipar a morte, no momento elas são mais tecnológicas e frias, já não há o confronto físico e aberto de enfrentar o inimigo na frente da batalha, os jovens, em especial, perderam na sua maioria, um rumo na vida, recordo o tempo de minha juventude em que a partir de certa altura os pais induziam as condutas de vida em função de os mesmos cativarem para si um estilo de vida em parceria com uma adjutora. aceito e acredito que sempre existiu a homossexualidade, bigénero, mas não é esse o tema a desenvolver, poderá ser numa outra obra, em suma, até fins do século XX a conduta de vida em sociedade era o de formar família dentro do prazo razoável de organizar o mesmo e no contexto de que seria natural e aprazível, o procurar uma namorada e iniciar o processo químico e físico de procurar a felicidade nessa relação que no momento seria o de convidar para um cinema ou um concerto, apresentar a mesma á família etc, etc, me reporto á relação comportamental da época.

Hoje em pleno século XXI, as prioridades são homofóbica mente outras, o prazer momentâneo é um estilo de vida, a alimentação industrial e plástica impera, já não há pais a cavar a sua horta e trazer para a família o resultado de sua azafama,

os legumes, as oleaginosas, as frutas, enfim, um indeterminável grupo de alimentos que se podem perfeitamente extrair da terra e que muito contribuiriam para o aumento d a qualidade de vida e da saúde.

Referências:

( 1 ), Vítor Burity Da Silva, https://www.researchgate.net/publication/370954457_AS_GUERRAS_SEMPRE_EXISTIRAM_NO_MUNDO)

(2 ), https://visao.pt/visaosaude/2021-10-17-longevidade-o-que-a-ciencia-sabe-sobre-como-prolongar-a-vida-de-maneira-saudavel/ )

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