Orgânico

Onda, não vou me demover. Sou a fraga solitária em meio ao oceano. Assim me conheceu, pétrea, refratária. Lançou-se contra mim, com a violência típica. Estou acostumada, sou fria e soturna para enfrentar a fúria da água que me cerca. Açoita-me, espumada de raiva pelo que sou: Rocha indestrutível. Sou e nunca deixarei de ser ínsula de pedra. Jamais serei praia. E você nunca deixará de ser onda que se desfaz contra mim, a fraga forte e misteriosa que se lança pra se entender onda. Acostuma-te com o silêncio do precipício. Acalma-te no regaço das heras e aceita a natureza do que somos, perdidos no nada em alto-mar.

Cibele Laura Oliv
Enviado por Cibele Laura Oliv em 17/06/2024
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