Todos os sentidos
Quando o medo tirou meu chão foi que percebi o grande engano. Tanto trabalho, estudo, esforço, e lá na essência permanecem além das dores, a verdadeira missão, o sentido de tudo. Não há controle nenhum. Deixar fluir é o aprendizado infinito. Reconhecer-se rio e aceitar as correntezas. Ainda que mergulhada no caos é necessário deixar que o mundo gire e ponha tudo de volta no lugar. Exercitar a fé. Há o momento de entrega absoluta. As forças maiores operam sempre pelo bem. E na cegueira do furacão queremos enxergar a luz. Impossível! Já não há casca, casulo ou torre segura. Todo o mundo é novo! É preciso entrar na roda. Reaprender a existir nessa nova esfera. E honrar todo o caminho que me fez merecer tudo isso. Sim. Das quedas e sustos eu me reconstruí mais forte. Eu posso sustentar as novas energias que me preenchem, sem me afogar. Não há o que temer. Não há o que reter. É preciso tão somente sentir. Na pele. Na alma. Nas profundezas de mim. Sentir. Amor. Dor. Vertigem. Soltar as amarras do passado, planar no presente abençoado dos novos tempos e construir um futuro, respeitando a sabedoria do desconhecido. Sim! Estou pronta! Mais um renascimento. Um parto um pouco mais dolorido. E quando eu acordar do outro lado já serei plenamente essa nova persona que ainda tanto me assusta. O abismo me espera. Deixa ser o que for. Mergulho. Abro os braços. Me entrego!
*Si*