Pois é a Vida
Pois é.
Menina, a Vida,
Não é feia e nem bonita
Não é fácil e nem difícil
A vida é.
Apenas isso - e tudo isso.
Cabe nela a imensidão:
O nascer e o morrer,
A tristeza e a alegria,
A leveza e o peso,
A dor e o amor,
O encontro e a despedida.
Fazem parte dessa jornada
Todos os buracos e vazios do peito;
Cada ideia e sentimento;
Cada sensação e toque da intuição;
Cada movimento e comunicação;
A dança entre o medo e a coragem;
Essa gente que somos nós, fauna, flora;
Toda natureza e seus elementos;
Fios, teias e cada conexão;
Tudo pertence.
Então se lembre:
Inclua a beleza e cores nos dias,
Mas não exclua paisagem alguma,
Mesmo aquelas que são cinzas;
Nenhuma passagem
E nenhum Ser que conhecer;
Não aponte nada além das estrelas;
Não deixe de aprender
Com erros, conflitos, quedas e pegadas;
Não fuja ou desista de você,
Do mundo, de viver
O que há.
Os desequilíbrios são parte desse caminhar,
Dê lugar;
Seja para o que é denso e tenso,
Para o que pensa ser ruim ou feio,
Seja para o que sente leve e belo,
Dê lugar para respirar
Tudo o que existe.
Cada reflexo conta uma história,
Traz seu saber e uma porção da Terra,
Mostra memórias antigas e recentes
Encarnadas no Presente,
Permita-se olhar.
A floresta e o concreto constituem
Ambos, o céu e o chão - Não se iluda:
A realidade não é de pedra ou de algodão,
Mas estes convivem nela.
Não se engane com a pressa
De chegar onde não se está,
E perder o que é precioso na areias do deserto.
Menina, as transformações que tanto deseja
Já estão, mas na busca não enxerga,
E ofusca sua visão com pedaços de algo,
Mas é a partir do todo
Que se escolhe como
E por onde seguir -
As partes ocultas e excluídas formam
A força que tanto procura,
Quando as ilumina e as liberta;
Os cacos, os cortes, as partidas,
As cascas, as máscaras,
Cada buraco em seu coração,
A pele, o sangue,
Cada tecido e encontro,
O ego, as sombras,
A alma.
E quando tudo isso
É tocado e abraçado
Pelo mar da Consciência,
Torna-se inteira.
E não confunda,
Ser inteira com ser perfeita:
A primeira, é possível justamente com a inclusão
De cada imperfeição;
A última é só o final de um conto de fadas,
Daqueles inventados
Por pessoas que moram em bolhas
- Afinal as fadas sabem das coisas
E contariam outra versão:
Uma em que a vida pudesse ser.
Pois é.
Menina, a liberdade
Com que tanto sonha,
É simplesmente ser.
É compreender, aceitar
E deixar viver
Tudo em que você habita.
É aí que está o poder de escolher,
Sem estar acorrentada ao que não vê,
A trilha que seu coração deseja ir.
Pois é,
O simples pode não ser fácil,
Mas digo que vale o caminhar.
E sempre que se perder,
Venha me encontrar,
Vou entregar-lhe, pequena,
O meu amor e iluminar
O seu que tanto brilha
-E lembrarei você da vida que é.
Pois é.