Desencontro

No vasto silêncio do universo, dois corações caminham em direções opostas, como estrelas solitárias que nunca se encontrarão no firmamento. O primeiro, carregado de sonhos desfeitos, ecoa um grito mudo de esperança; o segundo, marcado por cicatrizes invisíveis, carrega o peso da resignação. Ambos habitantes de um mundo onde o acaso é soberano e o destino, um labirinto sem saída, vagueiam por entre sombras de dúvidas e clarões de epifanias.

Na essência do ser, são como espelhos quebrados que refletem fragmentos de uma verdade desconexa, onde cada pedaço revela uma face oculta da existência. O desencontro é a dança eterna da incerteza, a luta entre o desejo de se encontrar e o medo de se perder. O tempo, implacável e indiferente, tece suas teias invisíveis - por vezes unindo, por vezes separando.

No silêncio das suas jornadas solitárias, cada um descobre que o verdadeiro encontro não se dá no outro, mas na aceitação do próprio vazio. A ausência do outro é a presença de si mesmo, uma revelação que transcende o físico e adentra o território nebuloso da alma.

E assim, no desencontro, encontram-se com a própria essência, compreendendo que, na vastidão da existência, o verdadeiro propósito é aprender a caminhar sozinho, sem perder a fé no encontro que, talvez, um dia, os espere na curva invisível do amanhã.

Ou não.

FIM

Betaldi
Enviado por Betaldi em 14/06/2024
Código do texto: T8085440
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