Segredo
Amar em segredo é calar o que queremos gritar.
É sorrir com a boca enquanto a alma triste se contorce.
É tentar dar ênfase a todo sentimento através de
um simples olhar.
É simular alegria mesmo sabendo que a felicidade
a dois daquela pessoa só nos machuca.
É derramar as lágrimas na privacidade da escuridão.
É construir castelos na mente sabendo que
o príncipe ou a princesa estará ausente.
É pensar na pessoa amada o dia todo.
É dormir e, ao acordar,
por uma fração de segundos, sentir-se em paz em meio
ao breve esquecimento.
É esperar por milagres.
É se sentir renovado ao ler frases de superação,
pensar por um momento que superou tudo
e logo cair na real constatando que não superou
porra nenhuma.
É chorar ao ler poemas açucarados.
É ouvir toda a discografia da Lana Del Rey e ter que
desatar um milhão de nós dentro da garganta.
É ficar eufórico em meio a um pequeno
gesto de atenção: um simples Oi ou uma curtida
em alguma postagem qualquer.
É ficar em dúvida entre persistir e desistir.
Mas desistir é impossível, né?
Não se mata o que nos faz sorrir
na realidade da nossa própria fantasia.
Não se apaga aquela luz interior,
aquele brilho que, quando diante de nós,
ofusca a visão e faz explodir o coração.
(essa merda é tão clichê, mas faz sentido!)
Por fim, o que resta é acreditar,
não se sabe bem em quê.
É viver, mesmo que isso signifique sofrer.
Mais cedo ou mais tarde tudo vai passar.
E o vazio acabará se tornando uma forma
de alegria
ou ao menos contentamento.
Por ora, apenas ame.
Mesmo que sozinho.
Há sempre um travesseiro confortável
na cama das ilusões.