VIVER EM OUTRO ALGUÉM SEM GAIOLAS

 

Um dia silencioso. Ele olha cuidadosamente para o alto e começa a dar nome para as estrelas; diverte-se a atenção ao distinguir os diferentes tons, a intensidade de cada pequena ou grande luz. Ele brinca de perder cada estrela de vista e sucumbe ao brilho inebriante da Lua, que impera no Céu de nosso Criador. Pai, fazes com que suportemos as distâncias que aparecem em nossas janelas; que saibamos nutrir admiração sem nos engaiolarmos de ilusões, sem nos cansarmos a Esperança...

 

“É que brincar de suportar as distâncias exige, de mim, a leveza de todos os pássaros, e a fortaleza de todas as árvores de nossa Amazônia: suas resistentes raízes, que suportam as ventanias, e os vários verdes, que me serenizam a face cansada de tanto querer bem querer alguém. Faz doer os ossos todos desnutridos de companhia, aquela que fosse capaz de fazer brotar, em mim, a brandura de ser sozinho e saber viver em outro alguém sem gaiolas.” Depois dessa declaração, cansado, ele fechou a janela do quatro, imaginou um sonho lúcido e caiu no sono.

Kélisson Gondim
Enviado por Kélisson Gondim em 13/06/2024
Código do texto: T8084700
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