É Assim que Acaba

No início, havia uma promessa. Cada dia nascia com um brilho renovado, cada momento carregava a potencialidade de um destino ainda não traçado. A vida, esse mosaico complexo de emoções e experiências, parecia infinita em sua capacidade de surpreender e transformar. Mas, como todas as coisas, ela se curva inevitavelmente ao peso do tempo, à fragilidade do ser.

A mente humana, um labirinto de pensamentos e sonhos, reflete sobre seu próprio fim com uma mistura de medo e aceitação. Sabemos que cada jornada tem seu término, que cada história encontra seu ponto final. Mas é na contemplação desse fim que reside a verdadeira essência da existência. Pois é assim que acaba – não com um estrondo, mas com um sussurro.

No silêncio que antecede o fim, há uma beleza serena. As memórias desfilam como fantasmas benevolentes, lembrando-nos das alegrias e das dores que moldaram nossa passagem. Cada sorriso partilhado, cada lágrima derramada, formam o tecido de quem somos. E enquanto a luz da consciência se desvanece, há uma paz em saber que vivemos, que sentimos, que amamos.

Filósofos argumentam sobre a natureza do fim. É uma cessação completa ou uma transformação para outra forma de existência? O que realmente importa é a sabedoria que extraímos desse questionamento. Pois ao ponderarmos sobre o fim, aprendemos a valorizar o presente, a enxergar a beleza nos momentos mais simples, a entender que cada ato de bondade e cada gesto de amor são eternos dentro de si mesmos.

A poesia do fim reside na aceitação. É assim que acaba – não com arrependimento, mas com gratidão. A vida, efêmera e preciosa, nos ensina que o fim é apenas um capítulo, uma parte intrínseca do todo. Assim como o sol se põe para dar lugar à noite, o fim de uma jornada abre espaço para novas possibilidades, para o desconhecido que nos espera além do horizonte.

No coração de cada ser humano, há uma chama que simultaneamente quer e resiste a se apagar. Uma chama de esperança, de crença na continuidade de algo maior do que nós mesmos. É assim que acaba – com a compreensão de que, mesmo na finitude, há um ciclo interminável de renascimento e renovação.

Portanto, ao enfrentar o fim, fazemos isso com coragem e serenidade. Sabemos que cada fim é um novo começo disfarçado, que a eternidade se esconde nos detalhes da própria existência. E, assim, aceitamos nosso lugar na vastidão do cosmos, gratos pela chance de ter vivido e de ter amado. Pois é assim que acaba – com um sussurro de paz, uma promessa de renascimento, e a certeza de que a vida, em toda sua complexidade, é um milagre sem fim.

É assim que acaba.

Betaldi
Enviado por Betaldi em 11/06/2024
Código do texto: T8083238
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