Qual é a sua
Ilusão, ou certeza de vida, que se perde ou a perder, quando se está na fila, dos que ainda existem, é preciso carregar nos ombros do coração.
Viver é muito bom, dádiva insuperável a qualquer outra que se ganhe além dela.
Ilusão nutrindo a reversão face à inexorabilidade da perda, e a que não reste dúvidas, o sumiço do corpo sólido, pelo deságue.
Como se daria este milagre de permanência…
Nunca mais movimentos, sorrisos, danças naturais ou artísticas, laboratório, passeios a pé, de bicicleta, idas ao mar, a mostras de música, a feiras de artesanato, à pracinha, de coreto e mocinhas elegantes, a exposições de mestres no magistério no uso de giz ou sucedâneos, assim como da voz que se liberta da garganta, as refeições de família, a ida às urnas referendando o mandato do político na urbe necessário, as 1001 deliberações de quem respira como bípede animal que pensa, age e se sustenta pelo suor derramado do rosto, tronco e axilas.
Certeza indivisível, intransferível, insolidária por natureza, dessa possibilidade do escape ileso assim que os olhos se fechem irremediavelmente ao brilho da estrela de quinta grandeza do globo azul: pássaro alado a sair da tanatose e a navegar pelo espaço sem fim!
Ilusão ou certeza é preciso carregar nos ombros do coração.