Amargavilha

Amarga vida,

Vida amarga,

Maravilha.

Assim é,

Não há o que por ou tirar,

Tem que se admirar

A crueza do viver,

A venturança do anoitecer.

 

Nua,

Crua,

A realidade é uma porrada,

Uma trombada,

Cruenta,

Soturna

E encantadora.

 

Lá vem a onda!

Abaixe-se,

Passou.

Mas vai vir outra

E outra.

Ufa,

Doeu,

Acabou.

 

Como um raio,

Num estalar de dedos,

A vida, tão frágil,

Escaldante,

Amorosa,

Radiante,

Esvai-se num conta-gotas,

Escorre por entre os medos.

 

Abrilhanta,

Acalanta,

Hipnotiza

E se retira.

 

No outono:

Tenho sono, mamãe!

Vai dormir, meu querido.

Já é tarde

 

Marco Lirio
Enviado por Marco Lirio em 03/06/2024
Reeditado em 07/06/2024
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