Prazer
A minha primeira vez foi cuma manga. Primeiro o desejo de possuí-la; ela, altiva lá em cima, madura, mangando de mim; eu imaturo, lá embaixo, tentando atingi-la com pedras, enciumado por outros quererem comê-la. O cheiro dela excitando minha língua, deixando minha boca cheia de saliva, os dentes afiados de desejo. Manga espada. O leite jorrando por seu caule, escorrendo no seu corpo em formato de seio, e meu anseio de mordê-la até o caroço, que é a melhor parte. Lambuzar-se todo. Ficar com os fiapos nos dentes, que é o sêmen e a semente do prazer. Houve disputa para obter sua carne, como se ela fosse uma puta de estrada. Sangue, cotovelada, rasteira, mas, no fim, saí vencedor: seu cheiro cocainava em meu nariz, entorpecedor. Chupei ela toda. Era uma manga espada, que me matara de prazer…
Outra paixão foi a manga rosa, deveras cheirosa, corada, a seiva dando pra sentir no tato. De tirar o fôlego no ato, de flutuar, de sorrir até adormecer a boca. Não, dessa vez eu não estou falando da manga-fruta, mas de outro fruto que também floresce, que cheira que é uma beleza, que alimenta a imaginação. Essa manga é afrodisíaca: indicada para satisfazer desejos do corpo e da alma, para relaxar e viajar nas constelações da mente. Fume uma manga rosa e chupe uma manga espada - inefável o prazer e a liberdade, inexorável.