O Inseto
Para que vives, gafanhoto?
Queres um amor? Gargalhe.
Queres um furor? Repare.
Queres um odor? Perfume-se.
Pegue as rédeas e segure forte,
Bafeje e festeje as deusas da sorte.
Atreva-se a soltar gritos e gemidos,
Principalmente dê ouvidos
Às estalactites de suas cavernas internas.
Lá, nas sombras de suas sombras,
Tardamudeiam luzes bruxuleantes sinceras
Que ensinam torpes suas geografias,
Seus mapas, suas minas, suas sinas.
Empunhe a espada da esperança,
Pegue sua lanterna de criança.
Busque enterrados os prazeres desgovernados.
Quem é você? O que queres?
Quero uma vida com gemido,
Que seja de orgasmo ou de dor,
Mas não aguento o odor dos cemitérios abandonados.
Não quero uma vida desvivida,
Quero uma marca, um sol,
Uma vida com farol,
Ainda que doa... e como dói!