Momo, das razões e emoções

Ah… Caso soubestes os motivos pelos quais o cortisol envenena os mananciais de dessedentação para os rebanhos cujas fibras guardam meu ser… percebes que não me é permitido sorrir para aquilo que já se metamorfoseia num afresco de ti?

Meu templo, de tão aparente boa constituição, coleciona ruínas fantasmagóricas estruturadas por ecos dos passados, ecos de emoção. Salões etéreos são acimados de abóbodas de coruchéus decadentes que um dia, lancinantemente, indicaram futuros perversos cuja busca apenas causou suas quedas ardentes.

Vê tu, com estas joias obscuras, o arremedo de amê que perturba o fluido que nos permite a vida para que, ferindo teus tímpanos, saibais as razões de receberes o triste buquê. Esta farsa tão bela me emociona, pois, as engrenagens que puxam minhas rédeas para tudo o que o músculo que mais dói quer, laçam e não permitem que real se torne. Tento escapar com toda a minha força centrífuga, mas não consigo, pois, à ditadura do eixo da necessidade masoquista, não me encontro conectado por fina corda, mas sim dentro de um bambolê.

Peço-te, compreendas o seguinte: são poucas as minhas fraquezas. És o que considero a personificação daquilo que, apenas, Charles Perrault poderia retratar no que concerne o simbolismo da imagem descrita da beleza que o diafragma pode produzir. O regozijo que provoca nos músculos de minha face está justamente na subversão que trazes ao usares teu dom.

Oh! Momo, de doçura e delicadeza apenas saboreadas após se observar o que há escondido na casca de irreverência e obscenidade. Sarcasmo, és este o teu manto… mesmo assim, como sirena, encantas-me com teu canto.

Aflige meu coração a pura sensação de não conter tal emoção. Como disse a ti, de tragédias tenho coleção. Nas pilhas de pó daquilo que um dia floresceu, Cronos tece as linhas de sua canção. A bela tapeçaria ondulatória que nunca me deu condição para deixar a desilusão. Nos labirínticos rios de Eros sou plâncton, e sigo sem ter a coragem de em minhas atitudes forçar a correção. Serás tu, as moiras talvez me dirão, mais uma triste nota na tela desta composição…

É por isso que te rejeito no campo das ideias, sem nem mesmo existires dentro da ideal condição na realidade. Sei que não sabes, e não há razão para saberes… ao menos ainda não… mas entendas tu que quero e não me deixo ter. Aqui, rogo-te que entendas, sou apenas um acanhado dançando com a boca seca… seca de ti… seca de teu sorriso do qual desejo sorver la vie… peço perdão a ti por ser assim… mas não posso poder e nunca saberei, à razão, dizer não. Choro e imploro-te… existas, Momo, no grande carnaval rumo à inexorável entropia, pois és um consolo para minh’alma, pois ver-te apazígua a dor de conhecer e viver o fato de que não existes no bloco de meu coração…

Há tantas colinas para eu escalar… talvez se um dia, uma delas eu chegar a alcançar… talvez, apenas talvez, meu reflexivo verdugo permita-me tocar-te, oh Momo, forte e fina flor, não apenas como tangível idealização, mas visceral carne para em tuas fibras me atar…

Sonhos e lucidez, meus dias de uma só vez. No passado e no futuro resido, sem nunca no presente teu amor ter conseguido.

Carapuça
Enviado por Antonio Core em 29/05/2024
Código do texto: T8074493
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