Medo de Amar
Venho te falar de um absurdo medo de te falar
e do espantalho que é conhecer você,
pois estou impregnado de expectativas
que fazem em mim redemoinhos de fantasias.
Mas controlo a ânsia presa na garganta
como controlo, por vezes, a voz embargada,
pois há em mim um desrespeito intrínseco pelo seu ritmo
que se denuncia pela pressa louca dos que sentem em si a loucura.
Sim, amor, a loucura dos que querem ser queridos,
que faz com que a gente se exponha à chaga do risco,
à probabilidade amarga de ter que lamber as feridas.
Pois esta desnudez de saber que você me importa,
a coragem ampla de segredar isso para mim mesmo,
traz em si universos opostos de encontros e despedidas.
Pois você já passou a ser uma partida dolorosa
antes mesmo que eu te conheça.
Entende agora por que sou cuidadoso?
Por que a vontade de sair correndo?
É porque me assusta a perspectiva
de qualquer caminho que tenha um coração.
Mas sabes o que mais quero na vida?
Pois é, eu quero um caminho que tenha um coração.
E tenho aqui um coração que tem um caminho,
e estou numa destas encruzilhadas.
Este verso fala apenas de uma encruzilhada,
e há em mim a vontade-medo de optar.
Mas como quero, e como quero tanto que você me queira,
rompo limites e faço até propaganda:
sou uma coisinha muito interessante.
Conheça-me.