Medo de Amar

Venho te falar de um absurdo medo de te falar

e do espantalho que é conhecer você,

pois estou impregnado de expectativas

que fazem em mim redemoinhos de fantasias.

Mas controlo a ânsia presa na garganta

como controlo, por vezes, a voz embargada,

pois há em mim um desrespeito intrínseco pelo seu ritmo

que se denuncia pela pressa louca dos que sentem em si a loucura.

 

Sim, amor, a loucura dos que querem ser queridos,

que faz com que a gente se exponha à chaga do risco,

à probabilidade amarga de ter que lamber as feridas.

Pois esta desnudez de saber que você me importa,

a coragem ampla de segredar isso para mim mesmo,

traz em si universos opostos de encontros e despedidas.

Pois você já passou a ser uma partida dolorosa

antes mesmo que eu te conheça.

 

Entende agora por que sou cuidadoso?

Por que a vontade de sair correndo?

É porque me assusta a perspectiva

de qualquer caminho que tenha um coração.

Mas sabes o que mais quero na vida?

Pois é, eu quero um caminho que tenha um coração.

E tenho aqui um coração que tem um caminho,

e estou numa destas encruzilhadas.

Este verso fala apenas de uma encruzilhada,

e há em mim a vontade-medo de optar.

 

Mas como quero, e como quero tanto que você me queira,

rompo limites e faço até propaganda:

sou uma coisinha muito interessante.

Conheça-me.

 

 

Marco Lirio
Enviado por Marco Lirio em 28/05/2024
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