Desilusão
Tempo feito de promessas, rostos e esperança
Momentos esperados com recusa de criança
Vontade ardente, dúvida encurralada
Fica-se triste esperando a volta da amada
Em nenhum momento espero a forte traição
E sinto o golpe compacto da foice que me abate
A surpresa inerte estampa-se na face
Qual vento que figura mil lâminas de areia
Saio afora com brasas amarradas no meu peito
Grito baixo, abafado, mordo o lábio constrangido
A surpresa, num fato, cai calada, num só ato.
Procuro por você que me falou
Que disse baixo, pra mim, juras de amor
Num bar, 4º chope, alguns beijos e alegria
Forte, entrando, enchendo as velas e se instalando
Ah o jeito meigo de olhar!
A confidência profunda indo ao fundo do meu mar
O abraço débil, o beijo ardente, a necessidade premente
De olhar, de ficar junto, tanta ternura, tanto afeto
Pra nada... Pra nada...
Pra fugir em disparada
Sem aceno certo, só pesadelo
A esperança vibra numa bolha aflita
Caminhando lenta em direção ao espinho
Vejo nela corpos, risos provocados
E sinto a sorte triste de quem se sentiu amado.
Te entendo, te compreendo,
Mas me perdoa, quem gosta não consente
Apenas entende
E se sente ferido que nem pássaro flechado
Pia triste, corpo mole, em sua queda para o chão.
Forte acodem entidades
Forças grandes, derradeiras
E o pequeno sopro de vontade
Corre longe, sobe as palmeiras
Afronta a luz, a luz do que?