SORRATEIRO

Este sentimento de ser poeta me invade sorrateiro.

Luto contra meu destino, pois não o tenho como meta.

Mas a natureza é forte e me impele inteiro.

Já não tenho pele, e os poros explodem em metáforas.

Tento controlar as pulsões da escrita.

Numa arrogância insana, detenho o tinteiro.

Mas nada impede o bramir das emoções;

Elas transbordam, ecoam em mil canções.

Passo a passo, luar pós luar,

O poeta se inflama,

Se apossa do meu corpo

E clama:

Que nada é mais lindo

Que o amor,

Nada é mais belo

Que o sol a se pôr.

E lá se vão anos de contida cibernética,

Lá se vão neurônios estelares pré-frontais.

A pele se arrepia,

O coração tartamudeia.

Vai, poeta, canta!

Deixa ser o que tem que ser.

Destrava o que se revela.

Ao amor, acende uma vela.

Vá viver, que a vida assim é mais bela.

Marco Lirio
Enviado por Marco Lirio em 28/05/2024
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