Incompletude

Sabe a dor que mata o homem?

Aquela que morde-lhe a alma?

É o fato de que aquilo que ele vê

Poder jamais se concretizar...

A alegria pressentida

Desfiar em branca espuma,

Escorrer perdida entre dedos ávidos.

A eterna promessa do não ser

Transubstancia-se no medo que me devora

E me segue humano pela vida afora,

Gritando o meu nome na realidade.

Sou um silêncio...

Novamente ele, à espera de um estágio.

Mais do que procura, é a vida de um presságio,

Da beleza inerte de se transbordar.

É o meu desejo profundo de superação,

De mudança brusca no meu coração.

Ali é que é meu lugar,

Ali é que vais me encontrar,

Na percepção final da incompletude

Que num dia bobo se mostrou inteira

E agora mora comigo,

E por isso quero morar contigo,

E não sofrer naufrágio,

Nada solidão....

Marco Lirio
Enviado por Marco Lirio em 27/05/2024
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