Lápide

Senti-me como o mármore bruto, sujeito aos caprichos do hábil escultor, cujo cinzel cortava com precisão. Cada golpe era uma metamorfose, uma agressão necessária para revelar a forma ideal latente em mim. A dor era real, mas temporária, um preço a pagar pela perfeição que surgia a cada lascado. O escultor, com maestria, não se detinha, penetrando fundo com seu cinzel afiado. Não sangrava, mas a dor era tangível, a cada fragmento removido. E assim, de repente, eu me via pleno, mas apenas como uma estátua solene, guarda da lápide fria de um cemitério, testemunha silenciosa das mãos que me moldaram com amor e rigor.

pedroluizalmeida
Enviado por pedroluizalmeida em 25/05/2024
Código do texto: T8071463
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2024. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.