Solidão

A praça fica a meia distância de mim. Talvez uma hora e meia de caminhada lenta, mas constante. Hoje vou lá pela manhã. Gosto de ver as pessoas que convivem naquele espaço. Uma praça calma, mas com muitas pessoas desocupadas. A conversa é animada e barulhenta. Os idosos jogam cartas e dominó. O vendedor de picolé é conhecido por vender o seu sorvete de pauzinho a preços módicos. Estou sem nenhuma companhia e não consigo sair do lugar. O labirinto é escuro e denso. Escuto vozes e me vejo conversando sozinho, o que me incomoda. Pensei em tirar a roupa e ficar nu na esperança de que me olhassem. Eu mudei de ideia no minuto seguinte, achando que seria constrangedor para uma pessoa da minha idade. A solidão em lugares públicos é uma tragédia. Ninguém vê. Engraçado, o banco não está aconchegante e todas as janelas do edifício estão fechadas.

Pedro Cardoso DF
Enviado por Pedro Cardoso DF em 24/05/2024
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