Ansiedade

Quero a poesia. Aquela escondida nos escombros da rotina agitada. A que está por detrás da fumaça dos dias acelerados. Quero o encanto aguçado do olhar que capta o avesso das coisas banais. É tudo tão bonito. E eu tenho passado pela vida com tanta pressa. Talvez só precise de um tempo pra mim, uma temporada em Marte, quem sabe um banho de cachoeira. Preparar a minha refeição favorita. Matar a sede dessas palavras que pedem pra brotar do meu coração. Escrever. É tão simples o fato de escancarar a alma. Deixar livre tudo isso que espalho por aí em fragmentos, pensamentos aleatórios, receitas, diários, memórias. Necessitam de forma. De verso. De sentenças sólidas. Não posso ficar tanto tempo longe da minha única companheira inseparável. Não posso deixar a poesia se apagar pela pressa dos dias. Não posso esquecer de quem eu sou. Senão esse abismo aqui dentro se agiganta e me consome por inteiro. Até que nada mais reste além da dor de uma saudade, um vazio que não tem nome. É só a ausência dos versos de mim. Quero a poesia…

*Si*