A poesia
Aproprio-me de um português enlameado, com palavras robustas e falhas. Pois elas não dizem o todo que sinto.
O sentir é muito maior, complexo e característico. Poesia é coisa fraca e frágil. Estímulo de saudades. Efêmero. Mas sentir é tão maior, tão vívido e tão individual.
Que dor. O individual dói. Esgarça-me com força. Desfia-me a alma. Estar só e ser só é a verdadeira solidão. Por isso eu desisti da poesia, porque é coisa sozinha! Portanto, prefiro a prosa. Eu posso escrever na liberdade das linhas cheias.
Os poemas são meia-linhas, palavras que fazem metáfora. A completude do parágrafo perde significado. Não se tem uma realidade palpável, tudo está no mundo do idealismo. Eu tenho medo de quem escreve poesia, a alma já se esvaiu a muito tempo.
Na prosa eu consigo ser eu mesmo, posso delinear palavras essenciais. Às vezes, soam como frases que já ouvi antigamente. A vida e o sol nascem na prosa. Na poesia, só há a lua e a morte.