Momentos
A vida está bem generosa comigo. Talvez tenha sido sempre assim, mas os véus da dor não me deixavam enxergar. O medo e a culpa eram sentimentos dominantes a me cegar para as bênçãos do cotidiano. Certo é que a minha melhor escolha foi quando abri mão dos meus sonhos, deixei os planos perfeitos para trás e segui vazia e pronta para receber o novo. Deixei queimar os velhos padrões e certezas. Me fiz cinzas para renascer. Do excesso de apego aprendi a caminhar no escuro rumo ao desconhecido. Seguindo livre e entregue a impermanência fui descobrindo um mundo bem mais amplo. E os planos se tornaram possibilidades. Não há nada rígido ou imutável por aqui. A vida é rio. Aprendi a fluir. Deixei ser correnteza. A resiliência ainda é aprendizado. Aliás, a mente aberta para novos universos é uma das belezas que conquistei. Se hoje tudo tem uma aura reluzente de felicidade, eu tenho consciência que não é para sempre. Não tenho medo. Cada vez que pensei ter atingido um fim, era apenas ilusão. De repente um novo abismo se abria diante de mim. Hoje aprendi a mergulhar. Eu me jogo com a mesma intensidade de quem chega ao cume da montanha. Mas, o momento agora é de contemplação. É um descanso merecido depois de cruzar tantas batalhas aqui dentro. Ok. Não sei ao certo se plantei tudo isso que estou colhendo. Sei apenas que me alimento dessa generosidade recebida. Vou tecendo um novo tempo, agradecendo pelas surpresas do inesperado. Tenho um grande desafio pela frente… Preciso me manter ímpar, mesmo estando par.
*Si*