Visitar as paisagens da Mantiqueira é alento, é sentimento, é amor.

A noite é promovida na escuridão. Pouca iluminação no Bairro divulgado como turístico.

A Lua reina soberana, oferecendo a luz aos habitantes e passantes.

Vagalumes perambulam como lanternas em meio às asas das sombras noturnas.

Os cães passeiam, buscam alimentos, espantam a gataria.

Por volta das vinte e duas horas, o silêncio se anuncia. A quietude toma conta do cenário.

O mágico contorno da Mantiqueira sorri contente, observador dos sons aos seus pés.

 

Por volta da quatro horas da manhã, a sinfonia promovida pelos galos é o som predominante.

De um lado... um poderoso galo emana o seu coricocó grosso, pujante, mas curto e grave. É o início da serenata da madrugada. Deve ser o chefe da tribo .

 

Mais adiante, surge o som do canto, também vigoroso, de outro galo. Canto forte, mas muito estendido. Parece que a sua mensagem tem um misto de poder e dor. Talvez tenha vivido mais...

 

Mais ao longe, a sinfonia se encorpa e muitos outros galos cantam ao mesmo tempo, cada um com o seu cantar. As notas musicais bailam pelos ares serenos e frios da madrugada ao pé da Serra.

E, quando aparece o garninzé, voz forte, poderosa, triunfante, todos os outros galos se calam, como se reverenciassem o pequeno cantador. Segue a toada pela madrugada, sob o cetro do galinho encantador!

 

Ao amanhecer, os segredos das notas musicais espalham o perfume da noite pelos ares, recolhidos no baú dos mistérios serranos.

 

É noite.

É vida!

 

 

 

foto by Zaciss