REBELIÃO À BRAZILEIRA.

Bora fazer uma emboscada…

ou preparar uma cicuta à brasileira.

Martine vermelho, limão siciliano, gelo e mel.

Agita bem a la ditadura, um pouquinho de pólvora,

lirismo tropical, charuto cubano, um tango argentino,

chá de coca, um mantra tupiniquim, um tiquinho de literatura ou talvez uma caipirinha.

Um pouquinho de bossa, chorinho, samba e baião.

No braço esquerdo amarra-se uma fitinha do Bomfim,

pede licença aos orixás e aos neopentecostais

deposita um dindin. Bota no rosto um sorriso largo, agradece ao coroné,

dá um tapinha nas costas de Zé do povo

e bota o bloco na rua, pois já é carnaval.

Daqui ouvi o choro bem longe, porém ouvi…

veio lá da Farias Lima, ou talvez de outro chic centro empresarial. Não sei se era grito de uma alma

ou o ruído de uma cureta nas entranhas do endométrio. Bora desfilar na avenida Brazil, pois a cuíca já roncou,

a escola já entrou - só na avenida - e o futuro nunca chegou.

Rosalvo Abreu
Enviado por Rosalvo Abreu em 18/05/2024
Código do texto: T8066139
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