Um dia diferente
O sol parecia adivinhar que aquele seria um dia para ficar na história daquele prédio, tão desatualizado e sem qualquer atrativo que lhe desse algum destaque. Os pedestres estavam entusiasmados, havia muitos caminhando sem parar, mas não se ouvia ninguém conversando com ninguém. Aquilo parecia uma massa de manobra. Do alto do edifício, seria possível imaginar uma cobra serpenteando pela via. Ele estava presente, como de hábito. Considerava os dias como pretextos de "oração". Olhava para si mesmo e dizia: "sim e não". Isso era feito com uma simples movimentação de cabeça quando uma sirigaita passava. Sim para a direita, e não para a esquerda. Até que, sem saber de onde, surgiu uma esfinge aparentemente fora do compasso. Parecia ter colocado um sapato de salto maior do que o necessário, andava devagar. Ele ficou com o olhar macio e longo a cada movimento que ela fazia. Quando menos se esperava, uma folha de papel caiu da bolsa da criatura. Ele correu para pegar o suposto documento, que ainda flutuava suavemente pelo ar. Ficou mais eufórico do que um pinto no lixo. Sem dó nem piedade leu: "Meu nome é Valdemar".