SOLIDÃO
 
São seis horas...  Aperta-me o coração...
A chuva, lá fora, indiferente à solidão 
cai dolentemente... 

 

Ela é como a solidão. Na tarde que declina 
ela sai aos poucos do mar e ganha as alturas num espetáculo que fascina a mente... Depois, no silêncio da noite, despeja suas águas sobre a cidade... 

 

Nas horas tristes quando a nostalgia o peito invade 
e os amantes perdidos se abandonam ansiando pela aurora, 
ela vai juntando, pouco a pouco, os pingos das lembranças 
para no ápice do desespero despejar o dilúvio das desesperanças 
sobre a alma que, pungente, geme e chora... 

 

Rezo... Olho a negra imensidão... 
Quisera abrir o céu com minha mão 
e libertar uma estrela linda... 

 

Entre tantas escondidas no sidéreo manto, 
eu saberia qual delas faz do meu pranto 
a chuva desta dor infinda! 

 

Nelson de Medeiros
Enviado por Nelson de Medeiros em 09/05/2024
Código do texto: T8059741
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