SOLIDÃO
São seis horas... Aperta-me o coração...
A chuva, lá fora, indiferente à solidão
cai dolentemente...
Ela é como a solidão. Na tarde que declina
ela sai aos poucos do mar e ganha as alturas num espetáculo que fascina a mente... Depois, no silêncio da noite, despeja suas águas sobre a cidade...
Nas horas tristes quando a nostalgia o peito invade
e os amantes perdidos se abandonam ansiando pela aurora,
ela vai juntando, pouco a pouco, os pingos das lembranças
para no ápice do desespero despejar o dilúvio das desesperanças
sobre a alma que, pungente, geme e chora...
Rezo... Olho a negra imensidão...
Quisera abrir o céu com minha mão
e libertar uma estrela linda...
Entre tantas escondidas no sidéreo manto,
eu saberia qual delas faz do meu pranto
a chuva desta dor infinda!