Cabelos de Sol
Minha criança ferida resiste a enloucrescer. Ainda insiste em brincar de casinha nos cantos mais isolados da casa. Sonha com o super poder de ser invisível. Guarda as bonecas na maleta de couro envelhecido, espera o namorado chegar. Minha menina poesia. Meio rio. Meio mar. Atropelei o tempo querendo tanto ser o que hoje ainda não sou. Há quanto tempo não olho nos olhos dela! Sinto as suas dores aqui dentro. Conheço seus segredos. Os fantasmas que ainda lhe põe medo. Sei que enquanto não der a ela todo o amor que deseja, e merece, eu ainda estarei presa em algum lugar na roda da minha própria história. Acreditei que tinha me curado. Que a tinha deixado lá atrás. E foi exatamente o que eu fiz. Deixei-a para trás. Foi um engano. Ela sempre volta, com as mãos estendidas, querendo um abraço, um afago. Atendo seu chamado, me ponho no colo, frágil, cansada. Acolho minha menina, choramos juntas. Celebramos. Vencemos mais uma etapa do processo. Ainda tantos infinitos adiante...
*Si*