Primeiro ato
Pare agora. Sente-se na sombra de um instante, esqueça o que se foi, nem pense no que virá, momento preservado, silêncio conservado. Feche seus olhos, abra seu coração, vibre no som da canção, da longa perfeita melodia, nos acordes acordados, da letra que ainda não se ouvia. Esqueça os seus medos, fuja um pouco assim, de todos os teus segredos, daqueles guardados, de outros chorados, saia de dentro de si, penetre todos os meus pensamentos, permaneça pelo menos uma vez ao meu lado, no meu precioso íntimo, antes que tudo finalmente se acabe, que o desejo tão logo termine. Pense, lembre-se da fala do louco, na ternura de um moço, na passagem que juntos fizemos, da mesma medida, total e unida, uma igual história, ainda tão viva, como eu e você, diferentes de um lado, formados nos traços, entrelaçados nos atos, da chama ainda acesa, uma infinita luz em plena expansão, naquela charmosa vibração, totalmente existente, brevemente persistente, guardada ali naquele canto, um primeiro ato, o sopro no ouvido, um breve cochicho, presente estar, constante ficar, permanente durar, firmemente completar, fielmente permanecer.