Em verdade vos digo
Certos dias em que de uma forma mais descarada o silêncio nos alimenta a vontade, tinge de ouro e espanto o nosso olhar.
São estes os momentos de aventura, os mais íntimos momentos de todas as vozes, de todas as vezes.
Nem só de bola se alimenta a forma.
Também o sonho, também a preguiça, também o nada nos desenvolve e nos equilibra a ternura, também nos cresce mais belos e delfins os dons da esperança.
Descubram nesses instantes tudo o que vos é interior, tudo o que vos encanta.
E depois durmam.
Amanhã têm que dar pontapés na bola e estabelecer com ela uma dialéctica de cumplicidade.
Nada disto faz sentido.
Não acreditem no que vos digo mas no suor desse sonho.
Nem os esgares que nos escapam aos sentidos fazem sentido. Apenas o suor do vosso sonho. O trabalhinho, pois. Joguem, estudem, leiam coisas que façam sentido.
Haverá um tempo em que serão tudo isso, no passado e no presente que então fôr.
Haverá um tempo em que foram bons ou maus jogadores, em que serão bons ou maus homens. Se calhar, algumas destas palavras farão sentido, mas não é importante que assim seja. O fundamental é a vida e a solidariedade.
E onde nos situamos.
Até que sorriam.