OS FINAIS DE TARDE
(Por Érica Cinara Santos)
Há um bom punhado de tempo, eu aprendi a tirar a tristeza do céu vermelho do fim de tarde.
Tirei o peso da palavra fim dessa hora.
Libertei-a daquele meu sentir que aprendi não sei quando, mas que vivia em mim e me sufocava.
As tardes em suas horas laranja-avermelhadas ganharam uma beleza própria na minha percepção. Passaram a ser a hora em que eu revisito mentalmente aquele dia e me alegro de novo nas cenas frescas e vivas do que acaba de acontecer. Fazer isso é como repetir um pouquinho mais daquela refeição saborosa. É olhar uma vez mais os instantes com olhar de sorriso, porque já não são mais o agora, mas passaram a ser um pouco de mim neste mundo. Entendi que são nessas horas vermelhas que posso reorganizar os pensamentos que tive dos fatos, ao mergulhá-los novamente nas emoções das lembranças antes de guarda-los nos baús preciosos das minhas memórias.
Já há um bom punhado de tempo, o céu dos finais de tarde são lindas pinturas que venho colecionando nas galerias internas de mim.