OS FINAIS DE TARDE

(Por Érica Cinara Santos)

Há um bom punhado de tempo, eu aprendi a tirar a tristeza do céu vermelho do fim de tarde.

Tirei o peso da palavra fim dessa hora.

Libertei-a daquele meu sentir que aprendi não sei quando, mas que vivia em mim e me sufocava.

As tardes em suas horas laranja-avermelhadas ganharam uma beleza própria na minha percepção. Passaram a ser a hora em que eu revisito mentalmente aquele dia e me alegro de novo nas cenas frescas e vivas do que acaba de acontecer. Fazer isso é como repetir um pouquinho mais daquela refeição saborosa. É olhar uma vez mais os instantes com olhar de sorriso, porque já não são mais o agora, mas passaram a ser um pouco de mim neste mundo. Entendi que são nessas horas vermelhas que posso reorganizar os pensamentos que tive dos fatos, ao mergulhá-los novamente nas emoções das lembranças antes de guarda-los nos baús preciosos das minhas memórias.

Já há um bom punhado de tempo, o céu dos finais de tarde são lindas pinturas que venho colecionando nas galerias internas de mim.

Érica Cinara Santos
Enviado por Érica Cinara Santos em 21/04/2024
Reeditado em 23/04/2024
Código do texto: T8046567
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