A FELINA
Louvar a mulher é tarefa para quem tem consciência de que não existe no mundo criatura mais linda, mais digna, mais densa de humanidades. Bem, quando o relacionamento não dá certo, é melhor pegar a mochila e se escafeder, mudo, pra bem longe. Não há cortejo mais ladino nem mais voraz. É o outro lado da moeda: não tem cara nem coroa; duas faces se ocultam e se enfrentam, rangendo os dentes. Afinal, emoção e razão dificilmente andam juntas nesse fogoso reino animal fremente de amor. Ainda assim percebo o risco e louvo a arisca. Dentro de mim, de tudo o que fica, nada é tão ávido de sigilos ainda que, aparentemente, esfole pele sobre pele. O amar tisna de silêncios o veludo da saudade.
MONCKS, Joaquim. O CAOS MORDE A PALAVRA. Obra inédita em livro solo, 2024.
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