O colhedor de rosas

Nos recônditos da noite, onde as sombras dançam ao luar, um ser solitário vagueia pelo campo de rosas vermelhas.

Seu rosto, sempre oculto na penumbra do capuz da velha capa negra que veste, é um verdadeiro mistério.

Apenas suas mãos dilaceradas pelos espinhos são vistas junto às pétalas que ele toca com tanta ternura…

É o Colhedor de Rosas… O guardião das flores escarlates. Tão misteriosas e incomuns quanto o seu cuidador, que mais parece ser um prisioneiro de sua própria devoção.

 

A cada noite, ele caminha entre os arbustos de espinhos afiados, serpenteando entre os canteiros como um espectro silencioso. Seus passos são como rituais de adoração.

A cada respiração ouvem-se os suspiros de reverência diante da beleza efêmera que o mesmo se esforça para preservar.

Ao reger do vento as mãos calejadas se estendem suavemente em direção às rosas como se fora um

bailarino silencioso seguindo o compasso de uma melodia que lhe fala de amor e sacrifício.

 

De longe é possível pressentir mais do que devoção em seu olhar atento. Talvez uma tristeza profunda ou uma dor que transcende o tempo e ecoa através dos seus gestos lentos.

Essa impressão transforma-no em um guardião de segredos antigos ou de uma maldição sinistra que o mantém preso ao campo de flores cor de sangue por meio de um elo invisível.

Cada rosa que ele colhe é um lembrete de sua servidão… E, assim, ele segue, noite após noite, como um fantasma no jardim .

 

Para o Colhedor de Rosas não há descanso, não há redenção. Apenas a eterna busca pela beleza efêmera que escapa de suas mãos como as próprias sombras da noite que desaparecem à luz da aurora de todos os dias…

 

Adriribeiro/@adri.poesias

 

Adriribeiro
Enviado por Adriribeiro em 17/04/2024
Reeditado em 25/04/2024
Código do texto: T8043948
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