O ANJO TORTO

Por certo que a Poesia que se derrama na inspiração e imprime íntimos desejos é o vergastar do Mistério aconselhando que se prossiga em conjunção de espiritualidades.

Verte o pensamento em seu desconhecido itinerário: a boca de comer e dizer é muda, o olho de ver é cego, a cabeça criadora é inútil por sua impotência para vencer o mal e desobstruir caminhos.

A rigor, não tenho emissão de palavras conceitos, vozerios, alaridos, somente a intuição me faz íntimo do anjo torto. E eis que de repente o sangue vaza de uma artéria intumescida.

Singelo e taciturno, o Absoluto abre os seus chacras e me acolhe entre o sal e o sol. Assim têm sido os voos da plataforma que a tudo liquidifica e força a intuição da probabilidade da queda frente à realidade.

Mesmo assim, a resiliência me faz uma larva tonta do teor, da força e potência do amar.

Este verme obreiro, lerdo e inocente de caminhos, empapa-se de vigor e terra. Algum tempo depois, a semente abre-se, e, enfim, está quase pronta para o intimismo das confidências. É neste que o mundo se reconstrói. Em mim e no Outro.

MONCKS, Joaquim. A VERTENTE INSENSATA. Obra inédita em livro solo, 2017/24.

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